segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Lenço Azul





Descia pelo calçadão com destino a minha casa quando uma jovem interrompeu meus pensamentos. Queria saber por que eu tinha um coração pintado no rosto. Ela parecia meio perdida. Perguntei onde residia e ela disse em uma cidade do interior de São Paulo. Indaguei se estava passeando? Não, não estava. Ela não estuda, não trabalha e não tem parentes na cidade. Segundo ela estava hospedada em um hotel próximo a rodoviária perto do local onde estava circulando. Despertou minha atenção um lenço azul que usava no pescoço. Despedi da garota e retomei meu caminho. Fiquei a meditar sobre aquela bela jovem e sua vida sem expectativa, seu olhar sombrio.
Pensei nela algumas vezes e para minha surpresa a reencontrei uns quatro dias depois com a mesma roupa e com o mesmo lenço azul. Ela me chamou e abraçou-me. O cabelo estava emplastado, sem brilho e mal-cheiroso. Correspondi ao seu abraço. Ela aparentava ainda mais desorientada e disse que procurava trabalho. Perguntei qual sua área de atuação? Nunca trabalhei respondeu. Ficou evidente que usa a ferramenta que dispõe para ganhar dinheiro. Pelo centro da cidade circulam cafetões e cafetinas que alugam quartos para prostituição. Como estaria procurando emprego? Seus trajes não estavam adequados para entrevista e o odor que exalava do seu corpo não lhe seria permitido nem a permanência nas lojas.
Os filhos precisam de orientação para estudar, se profissionalizar e ingressar no mercado de trabalho.
Meninas lindas sujeitam-se a homens e mulheres que se aproveitam para ganhar dinheiro com a exploração sexual. As garotas acham que estão sendo espertas ganhando dinheiro fácil.
Desejo que a garota do lenço azul retorne para casa e recomece a vida pela rota certa. Estudar e trabalhar continuam sendo a única maneira de ganhar a vida honestamente.
A difícil vida fácil das garotas de programas.


Autora: Maryah Cydah Abrantes Martiniano Ferreira- 11/10/2009.






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